sábado, 2 de janeiro de 2021

REFLEXÃO DO CONTO "O CORVO"


Esta é uma reflexão a partir da narrativa ”O CORVO” de Fialho de Almeida, o autor faz uma crítica sobre a classe menos favorecida, ou seja, tomando-o como alegoria de um estado de coisas injustas. Este conto foi parte integrante de um trabalho acadêmico, durante a minha graduação, por isso resolvi compartilhar com os leitores do blog, espero contribuir com aqueles que fazem pesquisas em busca de informações.(Para ler o Conto CLIQUE AQUI)

BREVE REFLEXÃO DO CONTO “ O CORVO”

O Conto “O Corvo”, de Fialho de Almeida que é representante de primeira grandeza  do movimento artístico-literário (Realismo/Naturalismo), onde a veracidade; contemporaneidade; são o retrato fiel das personagens que vivem às margens, porque a sociedade é injusta e desigual: se a sociedade trata o ser humano como animal, mostra- se como resultado desse social injusto e desumano.

No entanto, a crítica observa em sua obra a influência de várias estéticas – Romantismo, Realismo, Decadentismo e Impressionismo, embora o autor não se prenda de forma fixa a nenhuma delas. Em sua narrativa, “O corvo”, descreve com poesia e arte a paisagem natural, visto que usa de maneira metafórica a ave de rapina para simbolizar as características negativas da sociedade, revelando o domínio que a burguesia exerce sobre a classe menos favorecida, simbolizada pelo escravo, que nos faz pensar naquele que foi produzido para servir e obedecer.

 

O conto “O Corvo” pode representar uma critica as injustiças que a sociedade do século XIX vivia, num período de desigualdades e atitudes animalescas praticadas contra os seres humanos. Na frase “o cadáver do negro com suas costas dilaceradas por açoites”, parece nitidamente como alegoria de injustiça sendo perceptível neste conto, tornando-se uma critica visível aos maus tratos sofridos pelos “escravos”.

Para descrever a crueldade e impaciência do Corvo, Fialho usa a riqueza de detalhes: a paisagem marítima, o som, cheiro do mar, as nuvens e principalmente a forma voraz e satânica que a ave demonstra ao observar sua presa. Outro elemento importante é a demarcação do tempo, um dia inteiro que se inicia pela manhã, descrevendo os primeiros raios de sol, revelando o momento que o corvo espreita para alimentar-se da carne pútrida, e finda pela noite quando o corvo já está satisfeito, alimentado.

Assim, o autor denuncia a soberba humana que cria estratégias para banquetear-se sozinho, escondendo-se das demais pessoas para passar despercebido, desse modo, “O Corvo” prossegue ilustrando a classe burguesa que se apropria de maneira sombria ameaçadora dos que têm um poder econômico menor.

É interessante como Fialho descreve as águas do oceano, as rochas e os corpos dos escravos que foram açoitados e jogados ao mar, essa cena nos dá a ideia de uma visão apocalíptica ou de uma catástrofe que recai sobre a sociedade de forma voraz evidenciando a impunidade, demonstrando que os crimes contra a classe dominada irá prevalecer.

Conforme foi retratado no conto o menosprezo imposto pela burguesia nos remete a um sentimento de revolta contra as injustiças sociais. Todavia essa visão de degradação da humanidade fica latente, que os mais fortes sobrepõem-se aos mais fracos, tripudiando e humilhando de forma covarde para impor sua superioridade, representada pela ave de rapina.

 

(O País das Uvas, Ed. rev. e pref. Por Álvaro Júlio da costa Pimpão, Lisboa, Clássica, 1946, pp167 – 171.)

 

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