Esta é uma reflexão a partir da narrativa ”O
CORVO” de Fialho de Almeida, o autor faz uma crítica sobre a classe menos
favorecida, ou seja, tomando-o como alegoria de um estado de coisas injustas. Este
conto foi parte integrante de um trabalho acadêmico, durante a minha graduação,
por isso resolvi compartilhar com os leitores do blog, espero contribuir com
aqueles que fazem pesquisas em busca de informações.(Para ler o Conto CLIQUE AQUI)
BREVE REFLEXÃO DO CONTO “ O CORVO”
O Conto “O Corvo”, de Fialho de Almeida que é representante de primeira grandeza do movimento artístico-literário (Realismo/Naturalismo), onde a veracidade; contemporaneidade; são o retrato fiel das personagens que vivem às margens, porque a sociedade é injusta e desigual: se a sociedade trata o ser humano como animal, mostra- se como resultado desse social injusto e desumano.
No
entanto, a crítica observa em sua obra a influência de várias estéticas –
Romantismo, Realismo, Decadentismo e Impressionismo, embora o autor não se
prenda de forma fixa a nenhuma delas. Em sua narrativa, “O corvo”, descreve com
poesia e arte a paisagem natural, visto que usa de maneira metafórica a ave de
rapina para simbolizar as características negativas da sociedade, revelando o
domínio que a burguesia exerce sobre a classe menos favorecida, simbolizada
pelo escravo, que nos faz pensar naquele que foi produzido para servir e
obedecer.
O conto
“O Corvo” pode representar uma critica as injustiças que a sociedade do século
XIX vivia, num período de desigualdades e atitudes animalescas praticadas
contra os seres humanos. Na frase “o cadáver do negro com suas costas
dilaceradas por açoites”, parece nitidamente como alegoria de injustiça sendo
perceptível neste conto, tornando-se uma critica visível aos maus tratos
sofridos pelos “escravos”.
Para
descrever a crueldade e impaciência do Corvo, Fialho usa a riqueza de detalhes:
a paisagem marítima, o som, cheiro do mar, as nuvens e principalmente a forma
voraz e satânica que a ave demonstra ao observar sua presa. Outro elemento
importante é a demarcação do tempo, um dia inteiro que se inicia pela manhã,
descrevendo os primeiros raios de sol, revelando o momento que o corvo espreita
para alimentar-se da carne pútrida, e finda pela noite quando o corvo já está
satisfeito, alimentado.
Assim,
o autor denuncia a soberba humana que cria estratégias para banquetear-se sozinho,
escondendo-se das demais pessoas para passar despercebido, desse modo, “O Corvo”
prossegue ilustrando a classe burguesa que se apropria de maneira sombria
ameaçadora dos que têm um poder econômico menor.
É
interessante como Fialho descreve as águas do oceano, as rochas e os corpos dos
escravos que foram açoitados e jogados ao mar, essa cena nos dá a ideia de uma visão
apocalíptica ou de uma catástrofe que recai sobre a sociedade de forma voraz evidenciando
a impunidade, demonstrando que os crimes contra a classe dominada irá
prevalecer.
Conforme foi retratado no conto o menosprezo
imposto pela burguesia nos remete a um sentimento de revolta contra as
injustiças sociais. Todavia essa visão de degradação da humanidade fica
latente, que os mais fortes sobrepõem-se aos mais fracos, tripudiando e
humilhando de forma covarde para impor sua superioridade,
representada pela ave de rapina.
(O País das Uvas, Ed. rev. e pref. Por Álvaro Júlio da
costa Pimpão, Lisboa, Clássica, 1946, pp167 – 171.)
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