sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

LENDA DO TAMBATAJÁ

Na cultura dos povos amazônicos, principalmente o caboclo ribeirinho, existem muitas lendas e crendices sobre as plantas, que são passadas de geração em geração. Quero destacar aqui uma lenda que fala sobre a espécie de planta chamada de Tajá ou (tinhorões ou calúdios).

Esses tajás já foram muito cultivados como plantas ornamentais  para embelezar a frente das casas dos ribeirinhos, pois, os mesmos acreditam que a planta traz proteção e afugenta os maus espíritos, mas  pra que isso aconteça fazem uma espécie de ritual, graças aos poderes secretos que lhe emprestam os mestres da pajelança local.

Normalmente, a planta deve ser regada todas as sextas-feiras de lua nova ou cheia. Dai em diante passam a acreditar que a planta traz proteção e afugenta os maus espíritos. Existem várias espécies de tajás como: tajapeba, o tajá-piranga, o tajá preto, o tajá-de-sol, e o tamba-tajá entre outros.

Palavra indígena que define uma planta da família das aráceas(VIDE),também chamada de tembataiá; tambataiá; tembatajá. (O nome científico da tambatajá é Syngonium auritum).

Mais do que beleza os tajás possuem segredos e mistérios que só a alma cabocla entende e aprecia. Os que conhecem a lenda do Tambatajá sabem a narrativa do surgimento dessa planta e o porquê da população amazônica ribeirinha creditá-la como amuleto do amor.

A LENDA DO TAMBATAJÁ

Diz à lenda que um casal de índios tão apaixonados como nunca houvera naquela região. Uiná, belo e corajoso guerreiro da tribo Taulipang e Acami, linda cunhã da tribo Macuxi. Desafiaram as suas tribos em nome do amor que sentiam um pelo outro, devido às tradições e costumes de cada povo, esse amor não era visto com bons olhos pelos caciques das duas tribos, sendo que eram inimigas.

O casal fugiu para outro lugar para viver seu grande amor, os dois não se largavam para nada, se ele ia pescar, ela ia também; se ela ia banhar-se, ele ia também, se ele ia para a roça ou caçar, ela ia também.

Mas a felicidade do casal não iria durar muito. Acami ficou grávida e seu filho nasceu morto.  A índia ficou tão fraca que não conseguia caminhar direito, até o dia em que não conseguia mexer as pernas, ficou paralítica.

Uiná então recolheu talos de palmeiras e gravetos e fez uma espécie de maca. ( na língua indígena chama-se jamaxi). Todo o dia amarrava Acami no jamaxi e a carregava em suas costas onde quer que fosse nunca a deixava sozinha.

Certo dia, caminhando pela mata com a índia em suas costas, notou que sua carga estava pesada e o corpo da amada frio e sem movimentos. Então percebeu que Acami estava morta. Uiná ficou tão triste, que para não se separar de sua amada, fez uma cova às margens de um igarapé e se enterrou junto com a índia. . Alguns índios foram à procura do casal e, só depois de muitos dias, encontraram os pertences ao lado da cova.

Dizem que em uma noite de lua cheia, no local onde o casal foi enterrado, nasceu uma planta com folhas de cor verde escuro, em que no verso encontrava-se preso uma folha menor, parecida com um órgão genital feminino. Essa planta foi chamada Tambatajá,  a mesma representa o amor eterno entre o casal de índios, que morreram juntos, mas deixaram imortalizado no tambatajá o seu sentimento. Os amantes indígenas dessa lenda amazônica encarnam um amor que vence a morte.

 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário