Na cultura dos povos amazônicos,
principalmente o caboclo ribeirinho, existem muitas lendas e crendices sobre as
plantas, que são passadas de geração em geração. Quero destacar aqui uma lenda
que fala sobre a espécie de planta chamada de Tajá ou (tinhorões ou calúdios).
Esses tajás já foram muito cultivados
como plantas ornamentais para embelezar
a frente das casas dos ribeirinhos, pois, os mesmos acreditam que a planta traz
proteção e afugenta os maus espíritos, mas pra que isso aconteça fazem uma espécie de
ritual, graças aos poderes secretos que lhe emprestam os mestres da pajelança
local.
Normalmente, a planta deve
ser regada todas as sextas-feiras de lua nova ou cheia. Dai em diante passam a
acreditar que a planta traz proteção e afugenta os maus espíritos. Existem
várias espécies de tajás como: tajapeba, o tajá-piranga, o tajá preto, o
tajá-de-sol, e o tamba-tajá entre outros.
Palavra indígena que define
uma planta da família das aráceas(VIDE),também chamada de tembataiá; tambataiá;
tembatajá. (O nome científico da tambatajá é Syngonium auritum).
Mais do que beleza os tajás
possuem segredos e mistérios que só a alma cabocla entende e aprecia. Os que
conhecem a lenda do Tambatajá sabem a narrativa do surgimento dessa planta e o
porquê da população amazônica ribeirinha creditá-la como amuleto do amor.
Diz à lenda que um casal de
índios tão apaixonados como nunca houvera naquela região. Uiná, belo e corajoso
guerreiro da tribo Taulipang e Acami, linda cunhã da tribo Macuxi. Desafiaram
as suas tribos em nome do amor que sentiam um pelo outro, devido às tradições e
costumes de cada povo, esse amor não era visto com bons olhos pelos caciques
das duas tribos, sendo que eram inimigas.
O casal fugiu para outro
lugar para viver seu grande amor, os dois não se largavam para nada, se ele ia
pescar, ela ia também; se ela ia banhar-se, ele ia também, se ele ia para a
roça ou caçar, ela ia também.
Mas a felicidade do casal
não iria durar muito. Acami ficou grávida e seu filho nasceu morto. A índia ficou tão fraca que não conseguia
caminhar direito, até o dia em que não conseguia mexer as pernas, ficou
paralítica.
Uiná então recolheu talos de
palmeiras e gravetos e fez uma espécie de maca. ( na língua indígena chama-se
jamaxi). Todo o dia amarrava Acami no jamaxi e a carregava em suas costas onde
quer que fosse nunca a deixava sozinha.
Certo dia, caminhando pela
mata com a índia em suas costas, notou que sua carga estava pesada e o corpo da
amada frio e sem movimentos. Então percebeu que Acami estava morta. Uiná ficou
tão triste, que para não se separar de sua amada, fez uma cova às margens de um
igarapé e se enterrou junto com a índia. . Alguns índios foram à procura do
casal e, só depois de muitos dias, encontraram os pertences ao lado da cova.
Dizem que em uma noite de
lua cheia, no local onde o casal foi enterrado, nasceu uma planta com folhas de
cor verde escuro, em que no verso encontrava-se preso uma folha menor, parecida
com um órgão genital feminino. Essa planta foi chamada Tambatajá, a mesma representa o amor eterno entre o casal
de índios, que morreram juntos, mas deixaram imortalizado no tambatajá o seu
sentimento. Os amantes indígenas dessa lenda amazônica encarnam um amor que
vence a morte.
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