quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

ROMANTISMO

O marco inicial do Romantismo em Portugal é a publicação, em 1825, de Camões, longo poema de Almeida Garrett. Inspirando-se na epopeia Os Lusíadas. A narrativa deste autor, é uma biografia sentimental de Luís de Camões. Este poema é considerado introdutor do Romantismo em Portugal, por apresentar características que viriam se firmar no espírito romântico: versos decassílabos brancos, vocabulário, subjetivismo, nostalgia, melancolia, e a grande combinação dos gêneros literários. É o movimento mais revolucionário da história da Literatura, pois rompeu bruscamente com os aspectos formais e estruturais de tudo o que havia sido feito antes.

O Romantismo acompanhou todas as mudanças políticas, econômicas e sociais geradas pela Revolução Francesa, voltou-se para temática do individuo e seus conflitos. Dessa forma, regras de séculos foram rejeitadas, como o uso de rimas e métricas e de formas estabelecidas como soneto, ode, canção etc.

Nessa escola literária o que vale é o subjetivismo do autor, a exposição do eu e de seus sofrimentos mais íntimos faz o artista abolir as regras que antes submetiam a emoção à razão. O romântico, na verdade, deseja um mundo melhor, mas, consciente das limitações, procura se esquivar da realidade.

As principais características do romantismo em Portugal são: O escapismo; a subjetividade; a fuga através do sonho, do fantástico e do ilógico; o sentimentalismo e o lirismo; o amor à natureza e o nacionalismo.

O Romantismo em Portugal perdurou por aproximadamente 40 anos, e nele distinguem-se três fases:

A primeira fase (1825 a 1838) ainda sob influências neoclássicas, é marcada pelo nacionalismo. Surge como resultado da instabilidade política em Portugal nos anos que antecederam essa geração — a invasão francesa, o domínio inglês e a ausência do rei. Tem início em 1825, com a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett (1799-1854). Diante de uma crise de identidade, essa geração procura resgatar os mitos históricos de Portugal, como Luís Vaz de Camões (1524-1580). No entanto, é após a Guerra Civil Portuguesa que o projeto romântico da primeira geração toma fôlego, com a publicação de A voz do profeta (1836), de Alexandre Herculano (1810-1877).                                                                         

As obras dessa fase do romantismo português têm seus dois principais representantes, Almeida Garrett e Alexandre Herculano, que voltaram do exílio (devido ao envolvimento deles em revoluções liberais) para empreender o projeto de retomada de uma literatura nacional e original. Esses escritores fazem parte de uma geração literária politicamente engajada e defensora do liberalismo.

Além de Garrett e Herculano, outro nome importante dessa geração é António Feliciano de Castilho (1800-1875). Ele, juntamente a Almeida Garrett, iniciou seu percurso literário no arcadismo. Esses dois escritores são considerados, portanto, autores de transição para a nova estética literária. Assim, Alexandre Herculano é o romântico por excelência dessa geração, que, responsável por consolidar as bases do movimento, tem seu fim em 1840 para dar lugar aos ultrarromânticos.

A segunda fase do romantismo português, que durou de 1840 a 1860, é caracterizada pelo excesso de sentimentalismo, pessimismo, melancolia, religiosidade, idealização, sofrimento amoroso e adjetivação abundante. São recorrentes temáticas como: amor, morte e saudade. Essa geração não estava mais comprometida com o projeto ideológico nacionalista da primeira geração, já que o país atingia a sua estabilidade política.

Desse modo, o ultrarromantismo português é caracterizado pelo seu caráter de entretenimento da classe burguesa, leitora e consumidora das obras desse período, vistas pela crítica atual como obras de autores que se preocupavam mais com a forma do que com o conteúdo. Assim, os principais autores desse período são Camilo Castelo Branco (1825-1890) e Soares de Passos (1826-1860).

Já a terceira fase, de 1860 a 1870, é considerada pré-realista, pois marca a transição do romantismo para o realismo-naturalismo português. Essa geração produz obras com temática social, portanto, possui uma perspectiva um pouco mais realista, apesar de seu caráter sentimental. Dessa forma, ao realizar um “romantismo social”, ela se opõe aos ultrarromânticos e retoma a literatura ideológica política da primeira fase.

Os autores dessa geração são influenciados pelo escritor romântico francês Victor Hugo (1802-1885). Têm, assim, um senso de liberdade e justiça que buscam imprimir em suas obras. Seus principais representantes são Júlio Dinis (1839-1871), João de Deus (1830-1896) e Antero de Quental (1841-1891). Este último, entretanto, é considerado, por alguns pesquisadores, um escritor realista.

A data considerada como o fim do Romantismo em Portugal 1865, quando a Questão Coimbra instaurou o Realismo no país.


 

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