A prosa românica
participa do mesmo projeto nacionalista da poesia, as semelhanças entre o
romance Iracema e a poesia indianista de Gonçalves Dias; formada pelo
intercurso dos elementos índio e europeu; a cor local, explorada nos mínimos elementos
da linguagem descritiva, através do uso contínuo da analogia.
Entretanto a prosa romântica
não se limitou ao indianismo. Em suas três décadas de evolução diversificaram
os seus temas, num grande esforço para criar uma tradição literária brasileira.
Por maiores restrições que se façam à literatura romântica, não se pode negar
que ela logrou seus objetivos programáticos: todo o desenvolvimento posterior
de nossa literatura é devedor do empreendimento pioneiro dos ficcionistas românticos.
Contrariamente à poesia, a prosa de ficção praticamente inexistiu durante o período colonial. Não temos autores em prosa com a qualidade que se pôde verificar na produção poética anterior à era romântica com Gregório de Matos, Claudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga ou Basílio da Gama. Na ausência de uma tradição, os autores românticos tiveram que partir do nada, restringindo-se necessariamente, aos modelos dos romances europeus, já bastantes difundidos entre nós na década de 1830.
As obras precursoras do
romance romântico constituem apenas
referencias de pouco interesse para a história literária. Pelos títulos de
algumas delas, podemos avaliara qualidade: Religião, amor e Pátria (1838), de
Pereira da Silva: Os assassinos misteriosos, ou paixão dos diamantes (1839-29
páginas), de Justiniano José da Rocha; Januário Garcia, ou as sete orelhas
(1832) e As duas órfãs (1841), de Joaquim Norberto.
Todas essas obras são
deixadas de lado na escolha do marco inicial do romance brasileiro, fixado
pelos historiadores entre os anos de 1843 e 1844. Dois romances disputam a
primazia: O filho do Pescador (1843), de Teixeira e Sousa, e A Moreninha
(1844), de Joaquim Manuel de Macedo. A crítica tende a considerar o de Macedo como o primeiro romance
brasileiro, por sua qualidade estética superior e por seu grande sucesso entre
os contemporâneos,
Se considerarmos as deficiências
do meio cultural, a inexistência de precursores e o inicio tão tardio, não
podemos negar que a literatura romântica avançou a passos largos na criação de
uma tradição ficcional brasileira. Já nas décadas de 1850 e 1860, verifica-se o
florescimento da prosa de ficção, que se tona uma verdadeira mania, visto o afã
com que eram acompanhados os romances de folhetim. Autores como Teixeira e
Sousa, Joaquim Manuel Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Bernardo Guimarães e,
principalmente José de Alencar povoaram a imaginação e os sonhos dos
brasileiros, sobretudo dos jovens da corte exercendo uma função semelhante à
das atuais novelas de televisão.
Quanto
aos temas, além das indefectíveis histórias de amor, os prosadores românticos,
engajados desde o princípio no projeto de criar uma literatura nacional,
procuram cobrir diversos aspectos da vida brasileira, idealizando-os quase
sempre: a vida da corte, os ambientes típicos regionais, o índio, o escravo, a
natureza tropical.
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