CONTEXTO
HISTÓRICO
Na Europa, o fim do
século XVII e o início do século XIX assistem a grandes mudanças, entre as
quais a crise das monarquias nacionais absolutistas e a Revolução Francesa, que
teve como consequências: a disseminação
dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade; a ascensão da burguesia ao
poder; o surgimento do Liberalismo em política, moral, economia e arte; uma
nova escala de valores, com o predomínio do interesse pelo enriquecimento;
transformações históricas, sociais e culturais.
Em Portugal, o Romantismo
surge no século XIX. Temendo a invasão francesa, em decorrência do Bloqueio
Continental, em 1808 a corte portuguesa havia se transferido para o Brasil
dando início a um trabalho de reestruturação do país, o que começou a propiciar
a independência de sua colônia, que ocorreu finalmente em 1822.
O início do Romantismo
em Portugal é marcado com a publicação, em 1836, de A Voz do Profeta, de
Alexandre Herculano, sendo na sequência lançada a primeira revista romântica portuguesa,
o Panorama, em 1837 Embora em 1825 tenha sido publicado Camões, obra de Almeida
Garret, pode-se datar a o início do Romantismo
a partir de 1836. Isso porque somente na sequência da obra de Alexandre Herculano
tenham surgido outras obras com as características do novo estilo literário, considerando-se
a obra de Garret uma obra de estreia e singular desse período histórico. Portugal
vive um período de turbulências e instabilidade: a primeira metade do século
XIX é marcada por vários acontecimentos conflitantes: 1808 -1821: vinda da
família real para o Brasil; 1820: revolta do exército - início do período
conhecido com "Vintismo"; 1822: Nova Constituição, com o regresso de
D. João VI; Independência do Brasil - piora da situação política portuguesa; 1822
a 1833: disputas pelo poder entre irmãos - clima de desordem; 1847: início do
governo da Regeneração, apoiado pela burguesia - maior estabilidade; quadro
social desolador: economia agrícola; 80% da população analfabeta; exílio
voluntário de vários intelectuais, como Almeida Garrett e Alexandre Herculano.
ORIGENS DO ROMANTISMO
As origens do Romantismo encontram-se na Alemanha, no movimento "Sturm und Drang" (Tempestade e Ímpeto), que envolveu artistas como Goethe, Herder, Schiller, os irmãos Schlegel no combate ao racionalismo clássico, e no culto da subjetividade. Na Inglaterra, Edward Young, Walter Scott e Lord Byron também pregavam o domínio da emoção e da subjetividade, o romance histórico, com a exaltação do passado nacional. Mas foi a França o centro do movimento e o polo divulgador do Romantismo na Europa: artistas como Chateaubriand, Lamartine, Musset e Victor Hugo abraçaram as características do movimento e pregaram a liberdade de expressão ("sem regras, nem modelos").
CARACTERÍSTICAS
Além do byronismo, do
culto ao fantástico, do egocentrismo, do mal-do-século, do medievalismo e da
religiosidade, são características do Romantismo: Libertação Estilística: O Romantismo
é oposição ao Classicismo dada a liberdade da criação existente nesse novo
estilo que dispensa as regras exaltadas pelos clássicos e, inclusive, faz uso de
uma linguagem muito próxima à coloquial. Subjetivismo: Valorização de opiniões
e expressão de pensamento de acordo com as percepções individuais em detrimento
da objetividade.
Sentimentalismo: Exaltação
dos sentimentos, em detrimento do racionalismo. Há uma forte expressão de tristeza,
melancolia e saudade. Idealização : Visão ideal das coisas, que não são vistas
de forma verdadeira, mas idealizadas, perfeitas. Nacionalismo ou Patriotismo:
Como uma forma de recuperar o orgulho português e os seus valores, a pátria é
exaltada, destacando-se apenas suas qualidades. Culto ao Fantástico: Forte
tendência para a fantasia, para os sonhos, em detrimento à razão. Culto à
Natureza: Forte tendência para expressar sentimentos situando-os em ambientes naturais.
Saudosismo: Necessidade de refugiar-se no passado, com forte expressão de
melancolia e saudade.
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