quinta-feira, 28 de abril de 2022

LENDA DO AÇAÍ

Há muito tempo em uma tribo muito numerosa que ocupava a região onde hoje fica a cidade de Belém, no Estado do Pará. Os alimentos eram escassos e a vida tornava-se cada dia mais difícil com a necessidade de alimentar os índios da tribo.

Foi aí que o cacique da tribo, chamado de Itaki tomou uma decisão muito cruel. Ele resolveu que a partir daquele dia todas as crianças que nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento de índios da sua tribo.

Um dia, no entanto, a filha do cacique, que tinha o nome de Iaçã, deu à luz uma linda menina, que também teve de ser sacrificada. Iaçã ficou desesperada e todas as noites chorava de saudades de sua filhinha.

Durante vários dias, a filha do cacique não saiu de sua tenda. Em oração, pediu a Tupã que mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem ter que sacrificar as pobres crianças. Depois disso, numa noite de lua cheia, Iaçã ouviu um choro de criança. Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua filhinha sorridente, ao pé de uma esbelta palmeira. Ficou espantada com aquela visão e logo saiu correndo em direção à filha, abraçando-a. Mas, misteriosamente a menina desapareceu na mata. Iaçã ficou inconsolável e chorou muito até desfalecer.

No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado ao tronco da palmeira. No rosto de Iaçã havia um sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que estava carregada de frutinhos escuros. Os homens da comunidade colheram as frutas, liberando seu suco grosso e nutritivo entre os dedos. Itaki percebeu que foi uma benção de Tupã e batizou a fruta em homenagem a sua filha (só que com as letras ao contrário “açaí” ) que, em tupi, significa ‘fruta que chora’. O rei da Amazônia nasceu das lágrimas de uma mãe. Nasceu para consolar. A partir desse dia a ordem de sacrificar bebês foi encerrada, e a tribo nunca mais passou fome.


 

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