Há
muito tempo, em uma ensolarada tarde de primavera, Hime, a bela filha de um
poderoso senhor feudal chamado Asano Zenbei, foi colher flores no penhasco
Shimizu, conhecido como “Poço das Violetas”. Ao estender a fina mão, porém viu
apontar dentre as flores, a cabeça negra de uma grande serpente da montanha,
pronta para dar o bote. Apavorada, a menina soltou um grito de dor e caiu
desfalecida.
Uma
de suas acompanhantes, chamada Matsu, ouviu o grito da princesa e correu até
ela. Encontrou-a sem sentidos, e ao seu lado, uma serpente toda enrodilhada.
Prontamente, a ama jogou o seu cesto sobre a cobra, que sumiu dentre as
folhagens. Logo, todas as criadas foram se aproximando e a rodearam, tentando
reanima-la. Mas tudo em vão, a cada minuto Hime se tornava mais lívida e fraca.
—Fiquem tranquilas minhas jovens. Ouviram uma voz masculina atrás de si. — Eu
conheço um modo de ajudar a princesa, se não se importam.
Quando ergueram seus olhares, um suspiro de espanto correu entre as damas. A sua frente estava o mais belo jovem que seus olhos já haviam tido o prazer de avistar. Trajado todo de branco, como um “Onmyoji” (praticante da ciência natural e ocultismo inspirado na filosofia chinesa yin-yang). Ele sorria-lhes com uma confiança que tirou de todas as testas o sinal de preocupação.