quarta-feira, 29 de junho de 2022

A PROSA ROMÂNTICA BRASILEIRA

A prosa românica participa do mesmo projeto nacionalista da poesia, as semelhanças entre o romance Iracema e a poesia indianista de Gonçalves Dias; formada pelo intercurso dos elementos índio e europeu; a cor local, explorada nos mínimos elementos da linguagem descritiva, através do uso contínuo da analogia.

Entretanto a prosa romântica não se limitou ao indianismo. Em suas três décadas de evolução diversificaram os seus temas, num grande esforço para criar uma tradição literária brasileira. Por maiores restrições que se façam à literatura romântica, não se pode negar que ela logrou seus objetivos programáticos: todo o desenvolvimento posterior de nossa literatura é devedor do empreendimento pioneiro dos ficcionistas românticos.

Contrariamente à poesia, a prosa de ficção praticamente inexistiu durante o período colonial. Não temos autores em prosa com a qualidade que se pôde verificar na produção poética anterior à era romântica com Gregório de Matos, Claudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga ou Basílio da Gama. Na ausência de uma tradição, os autores românticos tiveram que partir do nada, restringindo-se necessariamente, aos modelos dos romances europeus, já bastantes difundidos entre nós na década de 1830.

terça-feira, 28 de junho de 2022

O ROMANTISMO NO BRASIL

 


A implantação do Romantismo no Brasil está ligado ao projeto de construção nacional. O s autores que se encarregaram da renovação dos padrões literários fizeram-no como quem cumpria uma missão civilizadora, contribuindo para dotar o novo país de uma expressão original e legítima dos sentimentos nacionais.

Em 1836, um grupo de brasileiros- Sales Torres Homem, Araújo Porto Alegre, Pereira da Silva e Gonçalves de Magalhães, sob a liderança deste último- lançou em Paris a Niterói, revista brasiliense. Os dois números dessa publicação pregavam a renovação da literatura brasileira pela adoção dos ideais românticos - sobretudo o nacionalismo e a religiosidade- e abandono dos padrões neoclássicos. No mesmo ano, Gonçalves de Magalhães publicou seu livro de poesias Suspiros poéticos e saudades, considerado a primeira obra intencionalmente romântica de nossa literatura.

O Romantismo teve uma duração de aproximadamente meio século, evoluindo por três gerações de poetas. O ano de 1881, como a publicação das Memórias póstumas de Braz Cubas, de Machado de Assis, e o Mulato, de Aluísio Azevedo, é considerado o marco inicial do Realismo-Naturalismo.

Primeira geração romântica brasileira

Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882) e Manuel Araújo de Porto Alegre (1806-1879), formados no período clássico, não conseguiram realizar o maior ideal do Romantismo- a liberdade expressiva. Apesar disso, foram responsáveis por um "programa" de renovação da literatura nos termos de uma proposta nacionalista.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

O TROVADORISMO

MOMENTO HISTÓRICO DO TROVADORISMO

Os historiadores costumam limitar o Trovadorismo entre os anos de 1189  a 1385. Mais importante que essas datas convencionais é saber que o Trovadorismo corresponde à primeira fase da história portuguesa: ao período da formação de Portugal como reino independente.

TROVADORISMO: conjunto de manifestações literárias contemporâneas à primeira dinastia – a dinastia de Borgonha ( 1109-1385).

Alguns aspectos da história da Península Ibérica são importantes para entendermos certas características das manifestações literárias do período:

- O Feudalismo, já em declínio, terá reflexões até mesmo na linguagem da poesia amorosa como veremos adiante. As cortes dos reis e dos grandes senhores feudais são os centros da produção cultural e literária.

- A reconquista do território, dominado pelos árabes desde o século VIII, faz prolongar, na nobreza ibérica, o espírito guerreiro e aventureiro das Cruzadas. Daí o gosto tardio em Portugal pelas novelas de cavalaria.

- Por ultimo, o profundo espírito religioso medieval, teocentrismo, que se refletirá tanto nas já citadas novelas de cavalaria como na poesia de temática religiosa ( Cantigas de Santa Maria, de D. Afonso X ) e nas hagiografias ( vidas de santos) e obras de devoção.

CRONOLOGIA DO TROVADORISMO

Início no século XII (1189)- Provável data da Cantiga da Ribeirinha, de Pai Soares de Taveirós. Supõe-se que esta seja a mais antiga das composições conservadas nos cancioneiros. Outras cantigas disputam essa primazia.

Término século XIV (1385) – Fim da dinastia de Borgonha.

A POESIA NO PERÍODO TROVADORESCO

quinta-feira, 9 de junho de 2022

LOBOS DENTRO DE MIM

Um velho avô disse ao neto, que veio a ele com raiva de um amigo. “Deixe-me contar-lhe uma história. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio daqueles que me fizeram tanto mal, sem qualquer arrependimento das consequências de seus atos. Todavia o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra esses sentimentos”.

E o avô continuou: “É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom não magoa. Vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende. Ele só lutará quando for certo fazer isso, de maneira correta. Mas o outro lobo, ah!, este é cheio de raiva. Mesmo aas pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É uma raiva inútil, pois ela não irá mudar coisa alguma! Algumas vezes é difícil conviver com esses dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito”. O garoto fitou intensamente os olhos do avô e perguntou: “ Qual deles vence vovô?”. O velho sorriu e respondeu baixinho: “Aquele que eu alimento mais frequentemente dentro de mim”.

sábado, 4 de junho de 2022

O PENHASCO DAS VIOLETAS: O CONTO


Há muito tempo, em uma ensolarada tarde de primavera, Hime, a bela filha de um poderoso senhor feudal chamado Asano Zenbei, foi colher flores no penhasco Shimizu, conhecido como “Poço das Violetas”. Ao estender a fina mão, porém viu apontar dentre as flores, a cabeça negra de uma grande serpente da montanha, pronta para dar o bote. Apavorada, a menina soltou um grito de dor e caiu desfalecida.

Uma de suas acompanhantes, chamada Matsu, ouviu o grito da princesa e correu até ela. Encontrou-a sem sentidos, e ao seu lado, uma serpente toda enrodilhada. Prontamente, a ama jogou o seu cesto sobre a cobra, que sumiu dentre as folhagens. Logo, todas as criadas foram se aproximando e a rodearam, tentando reanima-la. Mas tudo em vão, a cada minuto Hime se tornava mais lívida e fraca. —Fiquem tranquilas minhas jovens. Ouviram uma voz masculina atrás de si. — Eu conheço um modo de ajudar a princesa, se não se importam.

Quando ergueram seus olhares, um suspiro de espanto correu entre as damas. A sua frente estava o mais belo jovem que seus olhos já haviam tido o prazer de avistar. Trajado todo de branco, como um “Onmyoji” (praticante da ciência natural e ocultismo inspirado na filosofia chinesa yin-yang). Ele sorria-lhes com uma confiança que tirou de todas as testas o sinal de preocupação.

A LENDA DA VIOLETA

De acordo com a lenda, havia um rei na Inglaterra chamado de Rei Frost (frio gelado). Em seu reinado era inverno rigoroso durante todo o ano e a população, sem recursos para se aquecer, padecia com o frio excessivo que o rei lhes impunha. Frost, em seu palácio, apreciava a paisagem gelada, como seu coração. Ele não tinha amigos, não era apreciado pelos seus súditos e sentia-se só. Acreditava ser sua obrigação desposar uma rainha, tanto para ter um herdeiro quanto para espantar a solidão em seu grande castelo.

Sendo assim, enviou seus serviçais para que saíssem em busca de uma linda e carinhosa jovem que o ajudasse a espantar a tristeza de seu frio coração. A busca demorou a dar resultados, já que sua fama não era das melhores. Após andarem incansavelmente por muitos dias, os emissários encontraram, em um distante povoado primaveril, uma linda camponesa que ali vivia com a sua família. A jovem era tímida, mas extremamente bela. Possuía profundidade no olhar. Era humilde, caridosa e delicada, sendo, deste modo, a suposta esposa ideal para o rei Frost. A bela jovem se chamava Violeta.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

O QUE É A LITERATURA?



A arte da literatura existe há alguns milênios. Entretanto, sua natureza e suas funções continuam objeto de discussão principalmente para os artistas, seus criadores.

A literatura, como qualquer outra arte, é uma criação humana, por isso sua definição constitui uma tarefa tão difícil.

O homem, como ser histórico, tem anseios, necessidades e valores que se modificam constantemente. Suas criações entre elas a literatura refletem seu modo de ver a vida e de estar no mundo. Assim ao longo da História, a literatura foi concebida de diferentes maneiras. Mesmo os limites entre o que é e o que não é literatura variam com o tempo.

Atualmente, não é comum incluir uma obra historiográfica ou um sermão religioso na arte literária.

Portanto, a definição mais abrangente possível, que atenda à concepção da literatura em nosso tempo:

Literatura é a arte que utiliza a palavra como matéria-prima de suas criações.

A História da literatura