sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O HOMEM AVARENTO


Quando eu era criança, minha mãe costumava contava um “causo real” sobre um homem chamado Lúcio, conhecido por sua maldade e avareza. Ele era como os antigos coronéis do século XIX, arrogante e autoritário, sua palavra era lei para os que o cercavam. A fama de Lúcio se espalhava longe, e todos os vizinhos da região o temiam. Ele vivia nas proximidades da casa da família da minha mãe, no interior de um município do Pará.

Segundo os relatos de minha mãe, Lúcio morava com a esposa e os filhos. Na casa dele, havia um pequeno comércio de variedades à beira do rio. Porém, o que ele ganhava raramente era usado para o bem-estar da família. Lúcio investia em terras ou escondia suas economias, sem partilhar nada. Sua esposa, submissa, vivia sob constante repressão. Até mesmo a alimentação em casa era racionada, e eles só comiam o que sobrava. Para piorar, seus fregueses viviam praticamente em regime de escravidão, trabalhando em troca de comida e abrigo.

Certa vez, em pleno inverno amazônico, quando a chuva era constante e os alimentos estavam escassos — peixe, caça e camarão eram difíceis de encontrar —, Lúcio decidiu que iria caçar um gavião para comer. Antes de sair, ordenou à esposa que colocasse água para ferver, pois, segundo ele, bastaria depenar o bicho quando o trouxesse. No entanto, sua caçada foi frustrada, e ele retornou de mãos vazias. Furioso, gritou para a esposa:
— Mata o galo, diabo!

A mulher, hesitante, respondeu:
— Se eu matar o galo, as galinhas não vão botar ovo...

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

CHINCOÃ: A AVE QUE ANUNCIA A MORTE

O Norte do Brasil é repleto de lendas fascinantes, e uma delas envolve o pássaro alma-de-gato, conhecido como chincoã ou tincoã. Esses nomes têm o significado de "pássaro-feiticeiro". Segundo a tradição, o canto do chincoã é presságio de morte: quem o escuta estaria com os dias contados.

Minha avó adorava contar a história de um homem chamado Chico e sua fatídica experiência com o chincoã. Ela sempre dizia: "Nunca se deve mexer com os bichos". Chico aprendeu essa lição de forma terrível.

Ele era um caboclo solitário, sem família, que vivia às margens do rio Amazonas, no interior do Pará. Homem rude e descrente, Chico dizia não acreditar em Deus nem em "visagens". Passava seus dias na mata, cortando estacas — pedaços de madeira usados para construir cercas. Para ele, não havia feriados ou dias santos. Todas as manhãs, saía cedo de seu barraco com machado e terçado na mão, pronto para o trabalho.

Certo dia, exausto e faminto, enquanto apontava estacas, Chico ouviu o canto de um chincoã próximo. Irritado, começou a xingar o pássaro:
— Te esconjuro, pássaro da morte! Vá de retro! Vá incomodar a tua mãe! Se não tens o que fazer, ao menos vem apontar as estacas no meu lugar!

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

HOMENAGEM A JOVEM CORDELISTA

 

É com alegria e admiração que faço essa pequena homenagem em reconhecimento ao talento de  Maria Eduarda a "jovem cordelista",  aluna da turma F9TR01 matriculada na escola de ensino fundamental Santa Mônica Breves-Pará. A referida aluna escreveu um cordel que foi selecionado entre vários,  e  escolhido para concorrer a uma premiação durante evento realizado na escola em alusão a semana Agostiniana, evento esse que acontece todos os anos no mês de agosto, que trouxe como Lema: “Aspiras ao grande começas pelo pequeno”. Esta frase pronunciada por Santo Agostinho em um de seus sermões (69,1,2) é o lema pedagógico e pastoral de todos os ministérios da família Agostiniana- Recoleta no ano letivo 2024. Maria Eduarda escreveu o cordel “VALORIZE O PEQUENO, CONQUISTE O GRANDE" se apropriando do lema trabalhado em sala de aula, que significa que para alcançar algo grande, é preciso começar pelo mais simples. Parabéns pelo segundo lugar! Esta é uma vitória que merece ser exaltada e celebrada, pois reflete não apenas o talento, mas também a dedicação e o amor pela arte da escrita. Que sua trajetória continue iluminada e cheia de novas conquistas. Estou ansiosa para ver aonde sua criatividade e seu talento a levarão a seguir. 

Com muito carinho e admiração.

Transcrição na íntegra do Cordel

VALORIZE O PEQUENO, CONQUISTE O GRANDE

(Autora: Maria Eduarda)

Na vida, o pequeno é a semente,

Que brota como amor, que cresce lentamente,

Um gesto singelo, uma palavra amiga

Faz florescer sonhos, e a alma abriga.

 

Valorize o pequeno, não tenha medo,

Na simplicidade está todo o segredo

Um sorriso sincero, um abraço apertado,

São tesouros que valem mais que um legado.

 

O grande é a conquista, fruto do esforço,

Cada passo dado, cada lição aprendida

Forma o caminho para vida querida.

Nos pequenos detalhes a beleza reside,

Um pôr do sol lindo que a mente decide.