Esta narrativa ocorreu no município de Bagre. Segundo (Dona Alda Gonçalves).
Pois é, meus filhos, essa estória é de uma menina que namorava um rapaz munto bunitu então, ninguém cunhecia eli, eli só aparecia na festa. Toda festa qui tinha eli tava, e ela tava, ela ficava com eli, quandu foi um dia. No finzinho da festa, quando já tinha poca genti.
Ele dissi pra ela não olhá pra ele di dia.
- Eu vou durmi intão ela disse:
- Vai durmi no meu quarto
ele disse: Tá! Mas quatro horas da manhã tu me chama, ai eli entrou la pru
quartu dela i ela foi deitá também pru outru quartu. Aí, ela pegou nu sonu
quandu ela si lembrô o dia tava claru. ai ela foi abriu a porta do quarto olhô, si
assustu quando viu que tava lá um montuero de cobra, certo com a coberta da casa,
quandu abriu a casa que viu tava dia, que o dia tava claru, eli só deu um esturro i incantou
a ilha com tudo.
A ilha era pertu da ilha do ioiá,
ai no Bagre, ai a cidadi afundô tudu, qui quandu chega o tempo dessa festa a
genti iscuta a musica galu canta. Tudo a genti escuta.
( Pesquisadores): -É verdadeira essa história
ai? Resposta: É verdadeira sim meus filhos.
Era Nossa Senhora da Conceição dia 8 de Dezembru naum sei o anu e lá dondi
aconteceu issu nasceu uma toceira de cana, com três canas, então lá desdi essa
época, os moradores lá di perto dize que pra disincatá a ilha teim qui atorá a
cana beim nu meiu, só cum uma teçadada sem firir as du ladu, pra poder a cidadi
voltá. Ai ninguém tem coragi! E continua o mistério até huje, só se vê as luz
piscando de nuite.
Segundo
Benjamim (1993 p. 197-221), “o Brasil ainda é um país da voz oral, mesmo nas
cidades grandes, onde se presume a inexistência de narrativas de apelos
populares, ele continua afluir com mesmo caráter admoestador e mágico”.