sexta-feira, 19 de junho de 2020

Soneto 116


De almas sinceras a união sincera

Nada há que impeça: amor não é amor

Se quando encontra obstáculos se altera,

Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,

Que encara a tempestade com bravura;

É astro que norteia a vela errante,

Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora

Seu alfange não poupe a mocidade;

Amor não se transforma de hora em hora,

Antes se afirma para a eternidade.

Se isso é falso, e que é falso alguém provou,

Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

 

(William Shakespeare)


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

LENDA DO UIRAPURU

Conta à lenda que um jovem guerreiro índio, chamado Quaraça, que morava com sua gente na floresta Amazônica e adorava passear pelas matas tocando sua flauta de bambu. O som ecoava entre as arvores e fazia calar os bichos. Todos gostavam de escutar aquela música.

Um dia, enquanto passeava pela tribo, o jovem Quaraça achou de se apaixonar pela belíssima Anahi, que era casada com o cacique.

O jovem sabia que seu amor era impossível, e logo a tristeza tomou conta dele. De tanto sofrer, nem queria mais tocar a sua flauta.

A tristeza o consumia. Foi aí que ele resolveu pedir ajuda ao Deus Tupã. Foi para o meio da floresta, tocou, tocou muito aquela flauta. Chorava e cantava pedindo ajuda.

Tupã ficou sensibilizado com o sofrimento do jovem e resolveu ajudar, transformando-o num pequeno pássaro colorido (vermelho e amarelo, com asas pretas), de belíssimo canto, e deu-lhe o nome de Uirapuru.

Naquele dia, Uirapuru voou pela floresta, voltou â tribo, cantou, voou de novo. E assim passou a fazer todos os dias, encantando a todos com seu forte e lindo canto.

Toda vez que via sua amada, ele pousava e cantava pra ela, que ficava maravilhada com o som daquele  pequeno e lindo pássaro.

Com o tempo, o cacique também ficou encantado com o canto do Uirapuru. Queria que ele ficasse cantando ali, para sempre. Quis aprisiona-lo, fez uma arapuca,  foi a sua procura e perdeu-se na floresta. Dele, ninguém mais teve notícias.

Dizem que foi castigo do Curupira, o protetor dos bichos da floresta, que não pode ver animal sofrendo sem ficar danado de bravo.

A bela Anahí ficou sozinha, mas nem teve tempo para tristeza, porque o Uirapuru chegava ali todos os dias, com aquele canto lindo, para consolar a amada. Mais que isso, ele soltava aquele canto triste, porque acreditava que, assim, ela poderia descobrir quem ele era e isso quebraria o encanto. Mas o que se sabe é que ele continua cantando nas matas até hoje...

Diz ainda à lenda que o Uirapuru é um pássaro mágico que traz muita sorte. Acredita-se que, quem conseguir vê-lo cantando, é só fazer um pedido que o pássaro realiza.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

LENDA DA VITÓRIA-RÉGIA


LENDA DA VITÓRIA- RÉGIA

À região Norte do Brasil, mais especificamente a Amazônia é representada por essa história de perseverança da índia guerreira Naiá, nascida e criada em uma aldeia tupi-guarani.

Diz à lenda que uma índia de rara beleza, chamada Naiá encantava a todos por onde passava. Um dia, apaixonou-se pela Lua e desejou ir morar com ela no céu. Naiá cresceu ouvindo histórias de seu povo e sabendo que a Lua era um deus que se enamorava das moças mais lindas da aldeia e as transformava em estrelas, Naiá subia as colinas, todos os dias, depois que seu povo dormia, na esperança de ser notada.

Acontece que quanto mais Naiá se envolvia, menos a Lua percebia o seu interesse, e como ser ignorada não estava nos seus planos, passou a perseguir a Lua todas as noites. Sem perceber, o amor de Naiá transformava-se em obsessão.

Em uma de suas muitas noites de clamor, Naiá percebeu que a luz da Lua refletia nas águas do lago, bem perto da colina. Pensando que o senhor do seu coração se banhava ali, tão perto, mergulhou no lago em busca daquele que seria — conforme ela acreditava — responsável por sua felicidade.

Naiá não mais voltou, e o Deus Lua, comovido, transformou-a em uma estrela, mas bem diferente daquelas que brilham no céu. A linda índia era agora a Vitória-Régia, a estrela das águas, com suas flores perfumadas que mudam de cor conforme o horário do dia — brancas ao cair da noite e rosadas ao raiar do dia.